terça-feira, 2 de março de 2010

Fridão - Contributos

Finalizou no passado dia 15, o período de discussão pública do EIA da Barragem de Fridão, oportunidade para qualquer pessoa se manifestar sobre um documento "monstruoso" e tecnicamente exigente.

Pretendo neste artigo congratular a equipa da Câmara Municipal, que de forma empenhada, se entregou à consulta do documento, à procura de erros e omissões, encontrando ainda tempo para algumas sugestões. O resultado deste trabalho, está disponível online.

No mesmo momento, foi ainda prestado todo o apoio a quem desejou consultar o documento, e compiladas as inúmeras participações, se essa fosse a vontade.

Dificilmente perceberei a "fome" pela posição limitada ao "contra" ou "a favor". Por isso revejo-me num documento representativo, que identificou inúmeros erros e levanta um série de questões, umas académicas, outras populares. Tudo isto sustentado num efectivo conhecimento do território afectado. Facto este, que torna esta participação tão genuína.

Fridão

Tive a oportunidade de assistir "in loco" à apresentação pelo CDS-PP de Mondim de Basto, de uma "Moção de Protesto e Repúdio pelos actuais planos de construção da Barragem de Fridão", na última sessão da Assembleia Municipal.

Trata-se de uma moção extensa, dada a conhecer aos membros da Assembleia naquele momento. Aprovada a sua admissão, acabou chumbada com os votos do PS e PSD.

Li hoje, que para o MCDT, esta foi uma "oportunidade soberana de (Mondim) se afirmar defensor dos valores naturais presentes no vale do Tâmega". Não podia eu concordar mais com esta afirmação, pois Mondim manifestou-se nesse momento!

Manifestou-se, no entanto, discordando da Moção apresentada. E isso, para o MCDT, não merece de respeito. Digo isto pela forma como julgam os eleitos do povo mondinense e pelo que afirmam: mesmo chumbada pela grande maioria da Assembleia, esta moção continua a ser "reconhecidamente a que melhor defende para o futuro os valores em perigo, perfeitamente consensualizada entre quem projecta na sua acção os desígnios da terra".

Tive oportunidade de afirmar algumas vezes, que esta falta de consideração pelas opiniões divergentes, tem marcado a caminhada do MCDT, como tudo o que isto tem de bom... e de mau.

Mas voltando à Moção, gostava de chamar atenção que o voto contra do PS e PSD foi sustentado em declarações de voto, que justificaram muito bem a sua opção:

1 - Uma moção "como esta", deveria surgir de um trabalho conjunto, e nunca "em cima da hora" redigida por uma franja da sociedade mondinense. A aprovação da moção, seria o assumir de uma posição, em sede de Assembleia Municipal, do Povo Mondinense. Nesse sentido, o PS mostrou-se disponível para trabalhar na redacção de uma nova Moção, sugestão logo abraçada pelo PSD. Daí, certamente resultará uma Moção realmente representativa.

2 - O documento em causa continha erros grosseiros, como a inclusão, em quatro parágrafos, da suposta ameaça que representa o transvase do Olo, solução abandonada há algum tempo, que interessadamente se pode confirmar desde o dia 10 de Fevereiro no EIA da Barragem de Gouvães (mapa na pág. 9). Falta de atenção?

3 - A Moção, está carregada de conteúdo político, com intuito de colocar em causa o trabalho efectuado pela Câmara Municipal, dificultando desta forma, a percepção dos reais motivos da Moção. Se é Fridão que preocupa, então deve a Moção centrar-se em Fridão!

Foi portanto uma óptima oportunidade para Mondim, pela voz dos seus eleitos, mostrar mais uma vez, que sabe muito bem aquilo que quer. Por isso afirmou que Moções sobre matérias tão importantes como a construção da Barragem de Fridão, devem partir de árduo trabalho de procura de consensos, que passa por partilha e auscultação; devem estar limpas de erros grosseiros de intenção duvidosa; e dispensadas de teor político, porque há assuntos, em que independentemente das estratégias, os propósitos não devem ser colocados em causa.